Modo de produção


A criação de gado mirandês assenta essencialmente em três sistemas de produção: o tradicional; o semiextensivo; e extensivo:

Sistemas de produção tradicional:

O modo tradicional de produção é aquele que é praticado pelos criadores que possuem um efetivo com menos de 10 vacas. Estes criadores são aqueles que pertencem a uma classe etária mais envelhecida, em que as vacas são como membros da família.

Este tipo de produção assenta na policultura e no autoconsumo. O criador a par da criação de gado produz também cereal, castanha ou azeite, vinho e a horta. Dos excedentes da produção é feita a alimentação dos animais.

Os animais saem todos os dias de casa, vulgarmente chamadas de lojas, de manha para o pasto regressando sempre as mesmas ao final da tarde. A par da pastagem as vacas são alimentadas com feno, nabos, ferrã e outros excedentes da alimentação dos criadores como a batata. Os vitelos permanecem desde a nascença na loja, mamando antes das mães saírem para o lameiro e à tarde ao regressar. Estes vitelos mamam até á idade do abate, sendo ajudados também na fase de acabamento com feno, nabos, batata, beterrabas e farinha caseira feita de cereais.

Neste tipo de sistema tradicional enquadravam-se as explorações que utilizavam as vacas como força de tração nas lavouras, que hoje em dia é muito residual.


Sistema de produção semiextensivo:

Este é o sistema de criação de bovinos de raça mirandesa que hoje mais se usa no solar da raça. As explorações deste tipo variam muito no número de fêmeas que as compõe, firmando se a média entre as 20-30 fêmeas adultas. O número de fêmeas é maior ou menor consoante o criador apenas se dedique exclusivamente à produção pecuária ou complemente esta atividade com outras produções. As vacadas têm tendência a ser menores na Terra Fria Transmontana, nos concelhos de Bragança e Vinhais e no concelho de Macedo de Cavaleiros e vale do Sabor onde abundam a produção de castanha e azeite, respetivamente. Na vulgarmente chamada Terra de Miranda, que engloba o concelho de Miranda do Douro e parte dos concelhos de Mogadouro e Vimioso as vacadas são maiores, uma vez que a produção cerealífera passou a ser residual, os produtores dedicam-se exclusivamente à pecuária.

Neste modo de produção encontramos um misto entre o “saber fazer” herdado do sistema de produção tradicional, que dá toda essência a produção de carne mirandesa, e que vai de encontro com um sistema de produção em regime extensivo. As vacas alimentam-se sobretudo de pastagem, contudo, tendo em conta as condições edafoclimáticas da região são suplementadas com forragens de aveia ou feno produzidos na exploração. As explorações deste tipo possuem um estábulo ou outro tipo de abrigo, onde os animais permanecem no período de inverno. As fêmeas paridas permanecem em pastagens próximas ao estábulo, regressando a este pelo menos uma vez por dia onde são suplementadas com forragens de modo a não perderem condição corporal e assim produzirem mais leite para o vitelo e terem um melhor desempenho reprodutivo. Os vitelos em regra acompanham a mãe na pastagem durante os primeiros meses de, sendo recolhidos numa fase de acabamento. Nesta última fase os vitelos mamam quando as mães retornam ao estábulo para serem alimentadas. A par do leite materno comem feno e farinha feita à base de cereais da região.


Sistema de produção extensivo:

O sistema de produção extensivo é o modo de produção que predomina fora do solar da Raça Bovina Mirandesa, sobretudo no Alentejo e nas Beiras. Nos tempos que correm o número de criadores do solar a optar por este tipo de maneio tem aumentado significativamente. Neste regime os animais permanecem o ano todo na pastagem, sendo suplementados com fenos e outras forragens nos períodos de maior escassez de alimento. Os animais permanecem com as mães até ao desmame, sendo depois feito um acabamento antes de ir para o abate.

Além do tipo de maneio é importante referir mais alguns aspetos sobre a criação do gado mirandês.

Os vitelos encontram-se prontos para o abete por volta dos 7 meses de vida. Aleando as características genéticas de raça à alimentação que é conferida pelos criadores com base no saber de gerações estes animais produzem carne de excelente qualidade.

É também por volta da idade do abate, ou seja por volta dos 7 meses, que os criadores começam a selecionar os seus futuros reprodutores. O mais comum é os criadores apenas recriarem o número de fêmeas que considerem essencial para manterem o seu efetivo, ou seja para substituição.

Importa também salientar que a cobrição das vacas é essencialmente feita por monta natural. O touro permanece na vacada a totalidade do ano. As explorações com poucos animais e que não possuem touro, recorrem do touro de explorações vizinhas ou então fazem a beneficiação das fêmeas através de inseminação artificial. Tendo por base este maneio reprodutivo os partos encontram-se distribuídos ao longo do ano.